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POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

In nomine

 

Sei do sucesso, ontem, em Ponte de Lima, caro PEDRO BARROSO, Aliás, coisa fácil para ti! 
Por razões íntimas, que conheces, não me foi possível presenciar mais um concerto memorável teu. Sei que me chamaste por  lá, e saber disso já me emociona. 
Escrever em parceria contigo foi, acredita, uma das maiores realizações pessoais. Sabes disso, companheiro!
Toma um abraço, aqui do poeta da montanha, como me chamaste um dia...

João Luís

IN NOMINE

Dei comigo 
ao vidro baço e lento da janela 
no palpebrar 
cadente e moreno 
dos teus olhos 
a noite é apenas noite 
e o silêncio 
mudo 
e apenas se ouve o sussurro 
dos versos que te chamam… 
em nome de tudo 
e de todos 
os que ainda amam 
E o sorriso 
foi dormir antes de mim 
querendo-me a cama 
morna 
Se ausente te sei 
mesmo que só um pouco 
todo eu parto de mim 
para regressar-te 
nos meus braços 
louco 
até que acorde 
de tudo o que sonhei 
nos beijos esquivos 
que me chamam 
e me sinta poeta do sentir 
eu que nada sei 
em nome de tudo e todos 
os que ainda 
amam 

João Luís Dias /Pedro Barroso

 

 

 

 

Cantiga d´amigo (Medieval)

 

Composição musical e voz de PEDRO BARROSO

 

Sedia la fremosa seu sirgo torcendo,
sa voz manselĩa fremoso dizendo
       cantigas d'amigo.
 
Sedia la fremosa seu sirgo lavrando,
sa voz manselinha fremoso cantando
       cantigas d'amigo.
 
- Par Deus de cruz, dona, sei eu que havedes
amor mui coitado, que tam bem dizedes
       cantigas d'amigo.
 
Par Deus de cruz, dona, sei [eu] que andades
d'amor mui coitada, que tam bem cantades
       cantigas d'amigo.
 
- Avuitor comestes, que adevinhades!

 

Ouça aqui...

 

http://www.cantigas.fcsh.unl.pt/versaomusical.asp?cdvm=99

 

 

Custo zero

 

Que se poderá comprar no paraíso? 

Uma maçã mordida?!
Claro que nada se compra por lá.
E podem ir de bolsos vazios
que nada lá venderão, também!
E, desde já
boa viagem...

 

JLD

 

 


Partilha

 

Empresta-me o olhar
e pela pele do rosto
deixa verter uma gota
do sorriso claro e calmo.
E da boca...
bem, da boca
que se agita
tremente aos lábios
sente a naufragar o desejo
ao beijo esquivo
que se quer temperado
na água morna que encharca
e se reparte...

inédito

 

Je t´aime (tradução

 

Porque, para além de uma melodia e voz fantástica, tem uma letra tocante. Traduzi para quem quiser apreciar.

Peço desculpa se alguma falha contém a tradução, mas fiz o que pode.

Eu te amo

Concordo, haviam outras formas de se acabar.
Alguns vidros quebrados poderiam ter-nos ajudado. 
Neste silêncio amargo, eu decidi perdoar
os erros que podem ser cometidos também por amor.
Concordo, a menina em mim muitas vezes reclamava
quase como uma mãe
guarda-me, protege-me.
Se te não tenho roubado o sangue nada teríamos compartilhado.
No final das palavras, sonhos, eu vou gritar
Eu te amo, eu te amo
como um louco, como um soldado
como uma estrela de cinema.
Eu te amo, eu te amo
como um lobo, como um rei
como o homem que eu não tenho.
Vê como eu te amo assim.
Concordo, eu não te confiei todos os meus sorrisos
todos os meus segredos
mesmo aqueles que só o meu único irmão era o guardião. Não reconheci.
Nesta casa de pedra
satanás observa-nos a dançar.
Eu queria tanto que a guerra dos corpos fizesse as pazes.
Eu te amo, eu te amo
como um louco, como um soldado
como uma estrela de cinema.
Eu te amo, eu te amo
como um lobo, como um rei
como o homem que eu não tenho.
Vê como eu te amo assim…

Lara Fabian

 

Lara Fabian

 

"Je t`aime"

 

O poema não está no que diz o poema que cantam; está solto pelas vozes em coro e que se vai aprisionando, aos poucos, nos olhos da cantora, de alma pasmada e quase calada.

A poesia nem sempre estás nas palavras; esconde-se em lugares mais altos e na linha da frente, à frente do sol, da chuva, do vento, do vazio, também...

 

 

Passei-me dos carretos

 

(para o António Brazão)*

Gosto do som dos carros que passam
pelas ruas 
quietas pelo sono
da minha cidade.
O som do silêncio faz barulho demais, por vezes 
e desta vez também...
e o da chuva consegue irritar-me
por me parecer monocórdico e
muita vez 
uma seca.
E eu hoje quero ensurdecer
à minha janela...


inédito

*para que um dia se arrependa de ser meu amigo há mais de 30 anos, mas se lembre que a gratidão ainda anda por aí...

 

OUTONO

 
No outono 
as folhas poisam, se o vento é brando
tapeteando os caminhos.
No outono
o sol é intruso, se espreita pela manhã
e teima quente à meia tarde.
No outono
o dia e a noite começam cedo
e a chuva cai, arrefecendo sem gelar.
No outono
vão-se os pardais
ficam os ninhos franqueados ao silêncio.
No outono
se de brio se quer estação
o ar arrefece, a terra arrefece
ao pó não se deve o cinzento dos dias.
No outono
quando o vento opulento chega
varre o chão, penteia a floresta…
e obriga o inverno a esperar
permitindo aos rios
descer ainda sem sobressaltos.


inédito