Quando o oeste e o mar um dia transbordarem e as cidades cansarem dos excessos; quando as pessoas fartarem de se olhar nas montras coloridas e espelhos baços; quando os montes e as serras secarem vazios na febre do verão e descerem na torrente das águas no tempo das chuvas; quando apenas sobrar o silêncio no adro da igreja... saberão do mal que fizeram a uma terra e a um país! E, então, poderá ser tarde demais para se encontrar tanta coisa que se perdeu entre pedras caídas, telhados quebrados e flores e memórias sepultadas.... E não estranhem depois se o nem o cuco, por lá cantar no mês de maio!
E agora, que vais fazer solto pelo chão ainda morno e preso no teu medo? Que vais fazer, agora na hora do crepúsculo da tristeza depois de voltares a olhar a paisagem em cinzas? Que contas vais fazer se ninguém te paga a alma desgastada? Que vais fazer nesta noite com um garrote apertado no coração? Vai, vai dormir na cama que te sobrou e tenta sonhar com uma chuva de algodão tão lavado quanto os teus olhos que eu vou tentar acordar alguém ou saber de alguém acordado...
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SUELO DE CENIZAS
(In Memoriam...)
Y ahora que vas a hacer suelto por el suelo todavía caliente y preso en tu miedo? Que vas a hacer, ahora en la hora del crepúsculo de la tristeza después de volver a contemplar el paisaje de cenizas? Que cuentas vas a hacer si nadie te paga el alma desgastada? Que vas a hacer esta noche con un bastón incrustado en el corazón? Vete, vete a dormir en la cama que te rechazó e intenta soñar con una nube de algodón tan lavada como tus ojos que yo voy a intentar despertar a alguien o saber de alguien despierto.
(poema meu, inédito, com tradução de Pilar Cid - Galiza, Espanha)
Foto: António Cotrim/Lusa. Fonte de procura: Google imagens "Pedrogão Grande"
Confiar sem reservas em alguém, ou em algo que sabemos querer, é o nosso maior ato de auto confiança. Só assim traduzimos o quanto nos valem e valemos.
"Pedrogão Grande", amanhã nós! Que não se culpe só a natureza.
Se um dia fosse senhor de qualquer coisa que fosse de uma rua empedrada de três casas num caminho dum país despovoado duma serra abandonada dum lírio roxo sozinho não me queria acomodado conformado, envaidecido porque servo, ou dono, era do silêncio, da solidão de prados despenteados do pó, das pedras da fúria do fogo à solta e de pouco mais...
Esta senhora do video não sabe... está com dúvidas, mas o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sabe bem que as alterações climáticas, em consequência da emissão de gazes poluentes na atmosfera, são "uma invenção dos chineses". Será ele um génio, ou um imbecil? Claro,,, porque os génios, geralmente, têm o cabelo despenteado!