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POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

VERTIDOS

 

Entra. Fecha a porta.

Não, deixa-a entreaberta

para que a brisa nos espreite e sopre; será preciso...

Molha-me a boca, varre-me o ácido dos dias sem ti.
Enlaça-me, chama à tua a minha pele
cessa os meus momentos mornos de invernos impiedosos. 
Pára, não desabotoes a seda que me cobre o peito; 
rasga-a em tiras desalinhadas
quero-me como farrapo em teu corpo.
Abraça-me, suga-me, ferve-me 
salga-me o corpo no teu transpirar.
Arrasta-te à parede e volta-te para ela
quero partir contigo as fronteiras do desejo.
Levanta os braços, abre as mãos em palmas
e mancha de água a parede envergonhada.
Seguro-te e arrepias, solto-te os seios acesos
pego-te os pulsos e sinto o sangue a arder!
Rasgo-te, como rasgado estou em mim.
Afasto-te as coxas, vergo-te e beijo-te a nuca.
Sinto os pés no chão vertido. 
Vou para ti desnorteado, endoidecido…
e não quero, saber, sequer

se a porta se abriu completamente, ou se fechou.