Quero o fio d´aço dum punhal uma flor emurchecida ao sol da meia tarde e os versos, todos, em inventário Quero um sopro fresco, ou mesmo frio que me trespasse pelo corpo rasgado sem aromas que me embriaguem sem metáforas que me matem lento… Quero-me apagado, quieto quase que moribundo enquanto espero que me risques no peito morno as palavras, todas que te queria guardadas… E se o teu arfar em lume, declamando me acordar de adormecido e sobreviver ao meu dia menor saberei do maior poema!...
Num comboio (trem) viajava uma senhora desesperada com dor de dentes. A seu lado ia um cavalheiro, que se mostrava sensibilizado com o sofrimento da senhora. A dor dela aumentava progressivamente, levando-a ao desespero. Não conseguindo ficar sem agir perante tal sofrimento, o cavalheiro, demonstrando a sua preocupação, disse-lhe: - Minha senhora, mesmo sabendo que lhe vou propor uma solução pouco ortodoxa para minimizar ou mesmo acabar com a sua dor de dentes, não posso deixar de o fazer: se eu lhe introduzir na sua boca a minha língua, massajando a gengiva que envolve o dente dorido, garanto-lhe que irá ficar sem dor. A senhora, meio aflita, responde: - Agradeço, mas não sei se poderei aceitar esse seu "remédio". Fiquei até atónica com a proposta! O senhor respondeu que apenas era sua intenção ajudar. Passados uns instantes, e ainda mais desesperada de dor, a senhora diz ao cavalheiro: - Meta a língua, faça o que quiser, mas tire-me esta dor que me desespera! O cavaleiro meteu a língua na boca dela, massajou por instantes.... e a dor desapareceu. - Muito obrigado - respondeu a senhora – A sua língua fez milagres!!! Sentado no banco, mesmo de frente para ambos, um senhor velhinho, já carcomido pela idade, interrogou o senhor que curou a dor da senhora: - Amigo, esse procedimento, que tão bem executa, também fará bem às hemorróidas?!
Foste, poisada na última folha
que resistia ao Inverno
Foste, levando no regaço
as flores multicolores
dos jardins das nossas Babilónias...
Foste, mas ficaste mais
Só parte, completamente
para qualquer parte
quem nunca foi parte de alguém!
Até já, creio
Corri a cortina
vi a noite adormecida.
E as estrelas desenham um corredor de luz
do meu céu, perto
até ao teu, aí...
E a lua, essa
fica a morder-se de inveja…
Trazes o brilho de ontem
para o brilho que hoje tens
E, então
é brilho maior ainda (a dobrar)
Os olhos não se gastam
e o sorriso,
se de dentro
não se esvai!...