Perdoe-me que lhe pergunte, senhora: Que tempo falta para esta tarde acabar? … Eu sei, não sabe como eu não sei! Perdoe-me que lhe pergunte ainda, senhora: É fumo ou nuvem aquela mancha cinzenta no céu? …
Eu sei, não sabe como eu não sei! Perdoe-me que lhe pergunta ainda mais, senhora?
Por que será que quando o vento agitas as árvores
as folhas voam todas na mesma direcção?
…
Eu sei, não sabe como eu não sei! Uma só pergunta mais lhe farei, prometo
me perdoando, senhora: Por que chora, me não parecendo triste?! Eu sei. Desta vez sei, mesmo que me não responda: chora porque não sabe como eu não sei o tempo que falta para esta tarde acabar; se é fumo ou nuvem a mancha cinzenta no céu;
por que voam as folhas todas na mesma direcção
quando o vento agita as árvores. E não sabe, como eu não sei, rir quando sabemos tão pouco de tudo e quase nada de nós!... Mas deveríamos aprender, senhora porque as lágrimas são preciosas demais para traduzirem a nossa ignorância!
Duas mãos soltas uma que me desbasta o pensamento outra me escreve. Um coração que bate desordenado qual corda de relógio solto ao calendário e um outro que espreito e pulsa. E assim parto para o poema. O céu, quase nem cinzento a esconder-se no anoitecer me não desanima. E nem a falta de luz me calará o verso; tenho a fogueira acesa e o rebentar das brasas a despertar-me o peito!...
Por que te peço mais se vi a última lágrima desencantada descer órfão pelos teus olhos?! Por que te peço mais se outras lágrimas te vi descendo quando sorrias e no chão, caindo de cada uma delas se erguiam dum ladrilho em festa mãos cheias de brilho dos teus olhos para os meus?! Por que te peço mais se já me deste o melhor dos teus olhos e de ti?!...
Olho quieta a minha sombra ouço calado o meu silêncio ali, ao calor da meia tarde. E a saudade apenas ela me não querendo inerte acesso ao sol de peito sufocado me vai salpicando no rosto pingos frescos dos teus olhos que vertes, sorrindo quando me sabes de ti...
Estive no teu jardim, mamã e olhei a roseira que plantaste num mês de Fevereiro quando soubeste do meu primeiro verso. Vai subindo pela parede, abraçada a ela e falta pouco para que se abeire da janela do teu quarto. Temo, mamã, que a última rosa a florir da roseira do meu primero verso ao te bater na vidraça não te encontre lá para te presenteie de aromas que lhe conheces!... Hoje, mamã, estive no teu jardim e desejei que a roseira suba a parede devagar sem que a tenha que podar para que não chegue depressa demais…
Sinto com os olhos e falo pelas mãos. E se assim o sei e digo e os olhos meus, só os que vêem... outros olhos bem maiores do que os meus olhos me ditam às mãos os versos que escrevo!...