Se faca, afiada e pontiaguda Se flor, humedecida e rubra Se beijo, aceso e demorado Se poema, escorrido da alma Se mulher, que queira pegar o mundo e o saiba seu de mérito! E o resto, mesmo o sol e a chuva que aprendem a anunciar francamente quando vão e vêm…
Deixa-me amar-te à maré baza e quando o mar encher a praia já tu transbordaste de nós e a última gaivota bateu asas de arrepio O Sol, esse sabe bem quando voltar!...
Despeço-me da tua boca num beijo vertido e desço, humedecido à arcada do teu peito para ficar, como criança fascinado no tic tac do teu coração sabendo-o relógio de corda a marcar em tempos certos o tempo que me quero em ti E subo, outra vez ao patamar dos teus olhos para contemplar de lá a paisagem maior que encerras! E desço e subo e desço e subo…
Se rio brando que desces pedra a pedra, em serpentina serei represa nas margens que te afaga e não te prende que te toca e não encolhe até que o mar te possua sabendo ser de água minha! E a sede há-se calar-se se do céu se fizer chuva!...
Palavras, vos sei como as demais Dia, te soube como os de menos Noite, te espero como as iguais no sítio certo à hora incerta do adormecer. E ficarei por lá até que outra manhã despida me vista outra vez de mim…