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POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

Rio Homem (poema e video)

 

in http://terrasbouro.blogspot.com/

 

"POETA DA MONTANHA CANTA O RIO HOMEM

 

No dia 5 de Fevereiro último, na apresentação da obra poética "Coração de Algodão" de João Luís Dias, escritor terrabourense e presidente da Calidum, Pedro Barroso, um dos maiores cantores e compositores portugueses, afirmou que a existência dos «poetas maiores e com grandeza metafórica» como João Luís Dias são imprescindíveis por serem grandes artistas. Disse, ainda, que «os grandes artistas são homens que adoçam o Mundo, tornando-o mais brando e mais belo».
Subscrevemos as palavras de Pedro Barroso porque tu, João Luís, adoças o Mundo!
Hoje, com este vídeo, pretendemos homenagear-te, Poeta da Montanha!
Orgulhamo-nos de ti! Mas também nos orgulhamos da beleza ímpar do nosso Rio Homem e das actuações e da jovialidade da nossa banda centenária: a Banda Musical de Carvalheira.
Juntamos neste vídeo os três, numa simbiose quase perfeita!"

 

 

 

 

 

 

Pois é, companheiro, podem sugar-nos o sangue ainda a ferver, à lei cega e vampírica do lucro; podem até nos querer esconder a nossa história maior... mas a nossa alma e água limpa dos nossos rios, esses filhos da puta (escondidos de "mercados") não conseguirão; as nossas pedras rolariam sobre eles!...
É homenagem, sim, e das grandes que me fazes no teu interessantíssimo e promotor espaço, junto ao nosso querido rio Homem e ao som da nossa fantástica banda de Carvalheira.

 

Um abraço
João Luís Dias

 

 

Um pouco de história

 

Selecção de Futebol da Escola Secundária de Terras de Bouro

 

(o ano com rigor esqueci, mas já lá vai algum tempo...)

 

 

da esqª para a drtª

 

de pé - Adérito, Mário, Fernando e António

agachados - Evaristo, João Luís, Domingos e Bosco

 

Éramos imbatíveis!

 

... só um precalço: quando num jogo que fizemos contra São Mateus da Ribeira, para estrear o novo equpamento, sofremos uma derrota por 7-1. Inconformados e convencidos que o novo equipamento tinha trazido azar e nos envaidecido demais (o Bosco nem se atirava para o chão, só para não sugar a camisola), marcamos um novo jogo contra a mesma equipa e jogamos em tronco nú. Então vencemos nós por 11-0

 

Um abraço para eles! 

 


Rio Homem

 

O vento verga os amieiros

e a água 

descendo inconformada

se afaga nas margens;

o rio homem vai descendo 

na saudade

e sem saber bem

para onde e porque vai…

O vento verga os amieiros

para que os ramos

se despeçam de perto

da água limpa e transparente

que beberam 

ao arder do sol

quando a tarde se acendeu

no pináculo da montanha

de pedras soberbas!...


 


 

 

(para Felipa Florença, parceira de palavras, para que saiba do Rio Homem, com votos de rápida recuperação)

 

Ò amieiros do rio

deixar passar os barquinhos

quem namora às escondidas

quer abraços e beijinhos *

 

 

* do cancioneiro popular português

 

Aragem

 

Não sei do vento que sopra
mas sinto o vento a soprar!...

Se é vento norte, não sei
sei que é vento
é vento forte
Vejo as folhas, tantas folhas
em rodopio agitar

Não sei do vento que sopra
mas sinto o vento a soprar!...

Seu ar é fresco, senti-o
pelo meu peito a trespassar

Não sei do vento que sopra
mas sinto o vento a soprar!...

E as flores humedecidas
de perfume, ao sol raiar
baloiçam ao vento que sopra
ao mesmo vento que sinto
no meu peito a serenar

Não sei do vento que sopra
mas sinto o vento a soprar!...

 

 

 



até um dia poesia


Questão de fé

 

Já te inventei os olhos

prendidos na praia

de areias caladas

quietas no chão.

Já te inventei o sorriso

perdido no mar 

em ondas temperadas

quebradas em espuma.

Já te inventei os cabelos

soltos no vento que passa

soprado pelo frio.

Já te inventei a chuva no rosto

a seda nas mãos...

mas o coração

nunca to inventei

porque te sei dele; 

porque o tenho aqui comigo

e o sei aconchegado!

 

 

Nuclear

 

                       Penso em ti, Japão

 

Nasce o dia

e se atrasa o sol

no acender da luz

Nasce o dia

e a fruta se amarga nas árvores

vertendo o último doce

no chão já azedo e frio

Nasce o dia

e os pássaros permanecem quietos

pousados no sono atordoado

Nasce o dia

e as flores querem-se escondidas

abafadas no próprio aroma

Nasce o dia

e até ele se intimida

sabendo da mira certeira

do veneno

que a noite lhe apurou!...

 

 

PEC - PARA A MAMA FARTA

 

Paciência tenho eu, o que me f… são os nervos!

Esta confissão/desabafo é elucidativa do estado de espírito de muito boa gente deste país: são calminhos, pacatos, vão comendo pela medida de Barcelos (agora pela malga mais pequena), calam, mantêm paciência de santo, mas estão literariamente f… E isto devido a um tal PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) que, como sarna, nos vai obrigando a coçar até ao osso. Veio um, veio outro, mais outro e outro mais ainda. E já cá cantam quatro. E o galo ainda está para mais cantorias, enquanto se aninha o resto da capoeira e os mercados esperam a fervem a água para depenar os frangos um a um.

O país deve as penas aos pássaros, sabemos disso, mas, caramba, não será com penas que haveremos de pagar aos passarões - entendam-se, os mercados financeiros internacionais - que já fartos da nossa penugem nos vão querendo agora o fígado e a moela, já que as pedras do papo não lhes interessam. Querem o el contado, como diz o vizinho do lado, já, como nós, com o estômago a colar às costas.

A dívida soberana, que anda a deixar de calças nas mãos os países, entre os quais o nosso, é uma espécie de calote crónico, que aborrece mas não envergonha, ou de doença de psoríase, que chateia mas não mata. Mas esses calotes têm de existir e sempre, pois se acabassem com eles os mercados deixariam de ficar nervosos, para morreram de subnutrição por falta de mama.

Por isso, caros senhores das economias e finanças o vosso ganha-pão está assegurado; hão-de ter sempre contas atrapalhadas de países para falarem, discutirem, fazerem prognósticos e encontrarem soluções, mesmo que em cartola sem coelho escondido.

Como nota de rodapé – para que se não diga que dou água sem caneco – a minha sugestão: vamos cantando e rindo que f… já estamos!

 

 

Para publicação também no jornal Geresão, edição de Março/2011

 

 

Mel dos olhos

 

Da colmeia dos teus olhos

verte mel

pingos ao rosto

de flores amanhadas

à luz acesa no teu coração.

E ficam na boca

em fio escorrido

onde o beija-flor se adoça

e o arco-íris

espera vez!...                           

 

 

 

 

Altamira

 

Calará o amor ao poeta

um tiro certeiro no âmago do seu poema

e um míssil de longo alcance

apontado a cada um dos seus versos.

Mas duvide-se da eficácia dos atiradores

se o alvo se ergue

entrincheirado em dois corações!...

Diferente das árvores

o amor não morre de pé!

 

 

Pasme-se prezado passante!...

 

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para Papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.
Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.
Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.
Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito.
Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo Pereceu pintando... '
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei. 
E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer:
'O Rato Roeu a Rica Roupa do Rei de Roma.


Autor que desconheço.
(Maluco, sem dúvida. Mas um génio!)

Nota: se o eventual autor souber deste meu post que entre cá, que eu o identificarei com todo o gosto.

 

Terras de Bouro

 

A minha terra, onde os cavalos crescem na serra, a cabra come a urze brava e o sol, ao céu despido, castiga. E, se inverno, gela o chão e vertem demais as fontes para o espelho de água...

A minha terra, onde se dança no chão de terra a "cana verde", onde se pegam os bois pelos cornos... 


 

  

... e onde cavalgo ao galope duma estrela...

 

 (João Luís Dias e sua égua, chamada Estrela)

 


Palpitar

 

Enquanto o coração me palpitar

e os olhos

mesmo que brandos

se quiserem acordados

estarei, sempre

onde um poema maior se levantar...

para que me acenda o peito e a alma.

E se, depois

adormecer

é porque me esqueci um pouco

sabendo-me acordar mais ainda...

 

 

 

 

 

também com a homenagem à voz de Amália Rodrigues

(canta composição de José Régio)

 

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