Sei do sucesso, ontem, em Ponte de Lima, caro PEDRO BARROSO, Aliás, coisa fácil para ti! Por razões íntimas, que conheces, não me foi possível presenciar mais um concerto memorável teu. Sei que me chamaste por lá, e saber disso já me emociona. Escrever em parceria contigo foi, acredita, uma das maiores realizações pessoais. Sabes disso, companheiro! Toma um abraço, aqui do poeta da montanha, como me chamaste um dia... João Luís
IN NOMINE
Dei comigo ao vidro baço e lento da janela no palpebrar cadente e moreno dos teus olhos a noite é apenas noite e o silêncio mudo e apenas se ouve o sussurro dos versos que te chamam… em nome de tudo e de todos os que ainda amam E o sorriso foi dormir antes de mim querendo-me a cama morna Se ausente te sei mesmo que só um pouco todo eu parto de mim para regressar-te nos meus braços louco até que acorde de tudo o que sonhei nos beijos esquivos que me chamam e me sinta poeta do sentir eu que nada sei em nome de tudo e todos os que ainda amam
Empresta-me o olhar e pela pele do rosto deixa verter uma gota do sorriso claro e calmo. E da boca... bem, da boca que se agita tremente aos lábios sente a naufragar o desejo ao beijo esquivo que se quer temperado na água morna que encharca e se reparte...
Porque, para além de uma melodia e voz fantástica, tem uma letra tocante. Traduzi para quem quiser apreciar.
Peço desculpa se alguma falha contém a tradução, mas fiz o que pode.
Eu te amo
Concordo, haviam outras formas de se acabar. Alguns vidros quebrados poderiam ter-nos ajudado. Neste silêncio amargo, eu decidi perdoar os erros que podem ser cometidos também por amor. Concordo, a menina em mim muitas vezes reclamava quase como uma mãe guarda-me, protege-me. Se te não tenho roubado o sangue nada teríamos compartilhado. No final das palavras, sonhos, eu vou gritar Eu te amo, eu te amo como um louco, como um soldado como uma estrela de cinema. Eu te amo, eu te amo como um lobo, como um rei como o homem que eu não tenho. Vê como eu te amo assim. Concordo, eu não te confiei todos os meus sorrisos todos os meus segredos mesmo aqueles que só o meu único irmão era o guardião. Não reconheci. Nesta casa de pedra satanás observa-nos a dançar. Eu queria tanto que a guerra dos corpos fizesse as pazes. Eu te amo, eu te amo como um louco, como um soldado como uma estrela de cinema. Eu te amo, eu te amo como um lobo, como um rei como o homem que eu não tenho. Vê como eu te amo assim…
O poema não está no que diz o poema que cantam; está solto pelas vozes em coro e que se vai aprisionando, aos poucos, nos olhos da cantora, de alma pasmada e quase calada.
A poesia nem sempre estás nas palavras; esconde-se em lugares mais altos e na linha da frente, à frente do sol, da chuva, do vento, do vazio, também...
Gosto do som dos carros que passam pelas ruas quietas pelo sono da minha cidade. O som do silêncio faz barulho demais, por vezes e desta vez também... e o da chuva consegue irritar-me por me parecer monocórdico e muita vez uma seca. E eu hoje quero ensurdecer à minha janela...
inédito
*para que um dia se arrependa de ser meu amigo há mais de 30 anos, mas se lembre que a gratidão ainda anda por aí...
No outono as folhas poisam, se o vento é brando tapeteando os caminhos. No outono o sol é intruso, se espreita pela manhã e teima quente à meia tarde. No outono o dia e a noite começam cedo e a chuva cai, arrefecendo sem gelar. No outono vão-se os pardais ficam os ninhos franqueados ao silêncio. No outono se de brio se quer estação o ar arrefece, a terra arrefece ao pó não se deve o cinzento dos dias. No outono quando o vento opulento chega varre o chão, penteia a floresta… e obriga o inverno a esperar permitindo aos rios descer ainda sem sobressaltos.