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POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

É isso aí

 

Estou a ouvir. Gosto. Partilho...

 

 

Cá, no Brasil, ou em qualquer parte do mundo, a língua portuguesa é e será sempre a mais bonita e melodiosa de todas

Água minha

 

Se rio brando que desces
pedra a pedra

em serpentina
serei represa nas margens
que te afaga e não te prende
que te toca e não encolhe
até que o mar te possua
sabendo ser de água minha!
E a sede há-se calar-se
se do céu se fizer chuva



Cartas de amor ou de pó

 

Uma carta pode, ou podia, rasgar-se, deitar-se ao fogo e morrer na sua recepção. Mas pode, ou podia, ficar para sempre, como testemunho maior do encantamento de um dia ou de uma vida.
Mas hoje são raras as cartas que se escrevem. E vamos ficando órfãos desses sinais de afectos.
Partilho hoje esta que invento e escrevo. E que volte a saber bem enviar e receber uma carta, me

smo que de amor, ou de pó…

Olá

Parafraseando o poeta – que em trovas perguntava – também eu queria saber: que força é essa que te faz fugir?! Como te escondes?!
Quis saber dos teus motivos, e só os poderei entender à luz dum enredo medieval romanceado, onde a princesa, aprisionada às regras e preconceitos do seu palácio, não pode, em tempo algum, imiscuir-se do seu estatuto de nobreza e soltar a boca e a alma, mesmo que o pretendente ao seu afago seja um leal soldado, que a vida daria pelos delírios do seu coração, movidos pelos mais nobres sentimentos. 
Poderia ser forte este argumento, mas, no caso, não me parece fazer qualquer sentido, até porque nem tu és realeza, nem eu soldado. Seremos, tão só, fascinante, tu, quando deixas os teus olhos debruçarem-se sobre um outro olhar que a eles fica cativo e leal guerreiro, eu, quando teimo em cavalgar para perto do encantamento dos teus olhos, para me embriagar no licor do teu “feitiço”…
Bem, deixemos para lá as histórias de encantar, porque ficcionistas existem que as saberão inventar melhor do que eu. Sei bem que à tua mesa, dose de cardápio adoçado nem servida à míngua.
Das coisas que a vida me ensinou, uma delas é, sem dúvida, de relevante valor: desistir será, não direi morrer, porque detesto ser terminantemente dramático, mas viver nas imediações da sua antecâmara. Por isso não vou desistir de te querer ver e falar, porque fico dorido e furibundo – porque incompreensível – sempre que me impedem de colher uma flor, mesmo que fechada em canteiros babilónicos, onde poderei sufocar de excesso de aromas.
Mas, mesmo nesses jardins, existirão sempre muros que poderão ser transpostos, com a vantagem maior de nos tornar, se não alpinistas, algo modernamente radicais. E isso fortalece-nos o espírito. E é no espírito que todos os dias renasce o nosso querer. Assim, na dúvida, continuarei…

Um abraço afectuoso


Antecâmara

 

Palavras, vos sei
como as de mais
Dia, te soube
como os de menos
Noite, te espero
como as iguais
no sítio certo
à hora incerta

do adormecer.
E ficarei por lá
até que outra manhã 
despida
me vista
outra vez
de mim…

Frágil

 

Como uma pluma, leve

afagado em braços de bondade.
Lá fora
o Sol bronzeia as folhas soltas do Outono,
aqui
irradiam de luz olhares, sorrisos…
que enfeitiçam de amor o meu menino
e tantos meninos frágeis

como bolhinhas de espuma.
E nos meus olhos
fica um rio lavado a temperar de sal.

Retrato

 

Olhar-te 
é querer-te a meu lado
quando castigado pelo calor
numa tarde envaidecida ao sol
e beber do fio de água temperada
que serpenteia em teu peito.
Olhar-te
é ter-te perto de mim
lavar-me em teu sorriso
contorcer-me no recorte
das infindáveis belezas
que emprestas aos meus olhos
e ficar, assim
seguro nas tuas mãos
e solto pelo teu coração...
Olhar-te
é poder sentir-te
inventar-te
e ficar contigo
para lá
do meu último horizonte!...



Dedicatória

 

"Les Feuilles Mortes"


a dedication to my friend Joao Luis Dias, a great Poet from Portugal.

Monique D'Agorne




Não conheço a cantora, nem sei porque mereci a dedicatória, mas fico feliz por ela.

Deixo-lhe  daqui um


MERCI. FÉLICITATONS!


Catarina

 

Sem surpresa, porque sempre acreditei nas qualidades da Catarina, deixo-lhe aqui o meu aplauso nesta prestação brilhante.

Confesso, sinto duplamente muito orgulho dela; não fosse ela minha sobrinha e afilhada, que gosto muito. 
A minha vénia de admiração também ao Prof. Dr. Kalle Randalu.





Digo eu

 

Um poema

nem sempre se traduz
nas palavras que alinha
embriagado nelas;
esconde-se, por vezes,
no silêncio,
na calmaria,
no sono;

combate de peito aberto
na linha da frente,
diante do sol,
da chuva,
do vento,
do frio, 
do vazio, também...

Tatentos

 

 

Para os sobrinhos Patrícia, Miguel, Bárbara, Diogo e Catarina, artistas talentosos, um recadinho do tio, fazedor de coisas que lhe saem de dentro, pelo fio dos dedos...

A arte 
nem sempre compra nos supermercados
nas lojas de brilhos grandes;
não corre nas altas gamas de carros de luxo;
não salda, sequer muita vez
o gasto de quem a proporcionou...
Mas, garanto-vos
enche o ego e a alma de quem arte carrega;

faz transbordar de água cristalina e saborosa
cada gota que escorre dos olhos 
de quem vos ajudou e ama.
E, se de alma grande
é-se maior
porque cheio de coisa enorme
a vida toda!

Com um beijinho
João Luís

CONCERTO DE PEDRO BARROSO - RIVOLI, PORTO

 

PARABÉNS AO "PORTO CANAL" E AO SEU DIRETOR JÚLIO MAGALHÃES, PELO BOM GOSTO E PELA OPORTUNIDADE.
VEJAM ESTE CONCERTO DE PEDRO BARROSO, GRAVADO NO DIA 2 DESTE MÊS NO RIVOLI, PORTO.
É FANTÁSTICO, CONFIRMEM...



Claro que estive lá, vivendo intensamente todo o concerto.

Obviamente que fiquei honrado pela referência e aplausos que Pedro Barroso e todo o auditório me presenteou - minutos 00:28:00


Confesso


Procuro saber o que digo

por que o digo;
quem mo dita
por que mo dita.
Procuro saber todos os dias
o que os dias não me dizem.
Mas hoje queria saber
por que me diz mais

tanta vez 
o silêncio
no instante de duas linhas
do que eu digo 
tanta vez
no grito doce ou amargo
de mil palavras 
prensadas no almofariz do peito!...
inédito