Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

LADY DI

 

Um dia escrevi. Hoje trago aqui


Quem não desejou um dia olhar e perder-se de amores por uma bela mulher? Quem, numa noite serena, não sonhou acordar com um beijo da sua dama encantada, depois dum sono longo e calmo, e emprestar à manhã o perfume desse instante? Quem não inventou um jardim multicolor, onde colher, a toda a hora, a mais bonita das flores, para presentear aquela que o seu coração prendeu e os seus dias clareou? Quem não desejou, mesmo que por um só instante, embriagar-se numa lágrima morna, emocionada e doce da sua amada?
Quem já não se perdeu num sonho? Quem já não desenho um dia a própria história de encantar?!...
Acredito que muitos o já fizerem e procuraram para esse instante o sorriso franco e olhar doce e calmo de uma verdadeira princesa. 
Encontraram, então, Lady Diana.
Agora ela morreu.
Morreu, sem que se soubesse se a amaram, da mesma forma que a queriam, se a enalteceram ou a vendaram, se a compraram ou ultrajaram…
Sei que morreu, quando a morte saiu à rua e ambas se cruzaram. 
Mas Diana ficou ainda mais. Ficou para sempre com os que a admiraram e respeitaram, com os que a procuraram e souberam com ela contar. Ficou, porque não parte quem, sendo uma só folha, agitou a floresta. Ficou, porque ficam sempre aqueles que nos enaltecem com a nobreza da sua permanência.
Adeus Princesa. Ficas nos nossos dias, nos nossos sorrisos, nos nossos instantes de ternura, nos nossos sonhos que soubeste alimentar… Ficas e permaneces mais real ainda nas nossas histórias de encantar; nos palácios que todos os dias queremos edificar…
Mesmo assim ficamos ébrios de saudade. 
Bye bye.





À TONA D´ ÁGUA

 

(...)

Bebi da tua boca e acordei-te na minha.
Acariciei cada poro da tua pele
descendo por ela
quebrando as fronteiras do teu corpo.
E, como um livro
folheei cada verso que te lia...
Despertei-te os olhos brandos.
Acendi-te num sorriso.
Deixei crescer o teu desejo desperto
fervendo no suor que escorria.
Ávidos e no trémulo entontecer das vontades
possuímo-nos aos sussurros do amor.



ETERNAMENTE

 

SABER-TE AQUI, TERESINHA, 
DEBRUÇADA NA JANELA DOS MEUS OLHOS, 
É UM PRESENTE GRANDE 
QUE TODOS OS DIAS OFEREÇO AO CORAÇÃO. 
E O RESTO, MINHA IRMÃ, 
É UMA SIMPLES EQUAÇÃO MATEMÁTICA 
DE SOMA DE HORAS, DE DIAS, DE ANOS
E DO QUE DELES FIZERMOS 
MELHOR OU PIOR...





JOAQUIN SABINA

 

"não abuses da minha inspiração, não me acuses o coração (...) estes são os últimos versos que te escrevo..."
Joaquin Sabina




A força das palavras, mesmo frias e sem esplendor; contudo poesia maior!



À LEI DA VARA

 

Quando as regras, por vezes, se impõem ao erguer da vara de junco, como se pode ver...
Claro que ando sempre por lá montado na minha "Estrela" a romper o asfalto





TUDO OU NADA

 

Se o chão me for menos chão
e a terra apenas de pó 
à mercê de ventos desnorteados
ou de chuva que a faz lama.
Se um dia a claridade
for apenas de sol encoberto
e se o meio dia se atrasar 
por desmazelo ou cansaço 
e os ponteiros do relógio 
carcomidos se quebrarem 
no ócio das horas 
ou no pasmar do tempo
já não se serei eu a cavar o chão
para semear e colher;
já não serei eu por ali
porque não me sei
num chão que não serve, sequer
para caminho de algum rumo…



DIA DA MULHER

 

Para a mulher, no seu dia, este poema...


Podem faltar-me candelabros

cristais azuis
jardins faraónicos 
ou menores jardins de praça de cidade 
multicoloridos ao anoitecer
Mas uma flor
com perfume 
colhida bem cá de dentro
nunca me faltará para uma mulher
porque lhe é devida



CEIA

 

Encolheu os ombros
suspendeu os braços
e deixou o sangue arrefecer
nas pontas dos dedos.
O céu acinzentou-se
fez-se baço o horizonte
e o crepúsculo apagou
todas as linhas da mira dos olhos.

Fez-se noite prematura
de estrelas ainda apagadas.
A lua abortou
acocorada e fria.
A noite gelou no escuro
e o gato, num rompante
mergulhou no aquário
e surpreendeu
o último peixe azul…

AGORA E SEMPRE

 

Quero, agora e sempre
a flor mordida na boca
o sangue a ferver no fio do fogo
e a alma em revolução
Para que o silêncio dos olhos
não seja o amanhecer do resto dos dias
e eu o carrasco
impávido
da última noite de luar
despida ao céu aberto
arrefecendo pela madrugada…



Pág. 1/2