Queima-me devagar ao fogo aceso dos olhos e senta-me depois entontecido de emoção no paraíso morno do coração onde te tricotar com versos de seda um lenço branco que te colha as lágrimas quando, valendo a pena chorares de amor ainda que sorrindo doce, como sorris…
Quero que tudo flutue o pó, as pedras as folhas secas do chão Quero que tudo flutue o corpo inerte que dorme as cinzas que já não ardem os cristais frios de inverno que o céu teima em soltar Quero que tudo flutue o anseio dos que esperam o sorriso dos que conquistam a ilusão dos que inventam a emoção dos que repartem. Quero que tudo flutue mesmo que o ar rarefeito me sufoque e me entonteça mesmo que o vento tudo desfaça Quero que tudo flutue para poder olhar... e ficar, assim, uns instantes prendido à minha liberdade…