DESGARRADA
Tudo começou assim, com um minhoto (Braga) e uma alfacinha (Lisboa)
(MJP): Olha eu a assobiar...
(JLD): Quem assobia, não canta
Diz-se e tem-se razão
Ou se canta ou se assobia
Há que fazer-se opção
(MJP): Eu assobio a cantar
Pelos vistos sou excepção
Também canto a 'ssobiar
Não tenho que ter opção...
(JLD): És branda no assobio
Se cantas a´ssobiar
Ao cantar, abres a boca
Como poderás soprar?
(JLD): Anda lá, minha alfacinha
Destrava a língua a cantar
Ou tens força na garganta
Ou vai p´ró Tejo pescar
(MJP): O assobio é um canto
Um canto é um assobio
Sobe a ladeira do sopro
Desce no correr do rio...
(JLD): No meu rio só desce água
Os peixes não vão p’ró mar
Ou se canta ou se assobia
Nada vai, se quer ficar
(JLD): No Minho há desgarrada
Aprendi nas romarias
Se cantas não ´stás calada
Não espero as tuas rimas
(MJP): Canto o Fado e danço o Vira
Pesco no Tejo ao anzol
Vai mas é molhar os pés
E apanhar banhos de sol...
(MJP): É bom que as não vás esperando
Que as minhas rimas têm dono
Contigo só desrimando
Em era uma vez um conto...
(JLD): Demos corda ao versejar
Continuemos então…
O fado não vou cantar
Mas pego peixes à mão
(MJP): Já estou mortinha de sono
Vai então pescar p'ra mim
Pode ser uma lampreia
Antes que ela chegue ao fim...
(JLD): Não queres subir ao Castelo
e ver se chove na Graça?
Aproveita, olha o Rossio
E vê bem quem por lá passa
------------------------------
João Luís Dias (JLD)
versus
Maria José Praça (MJP)