E continuamos à lei do rebanho, no mofo costumeiro e dogmas. E o nascer e o morrer, a saúde e o sofrimento, valem o que valem, se "valores mais altos se levantam", mesmo que atamancados.
"Quando eu morrer batam em latas, Rompam aos saltos e aos pinotes, Façam estalar no ar chicotes, Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro Ajaezado à andaluza: A um morto nada se recusa, E eu quero por força ir de burro!..."
(Mário de Sá-Carneiro)
E se, enquanto vivos ainda, escolhermos nós os palhaços, os acrobatas o chicote e o burro? Só somos gente - livres - quando nos deixam ir ou desistir...
O futebol e os seus clubes não são de “mandadores sem lei ”; não das televisões, quando alimentam audiências recorrendo ao grito, ao “incêndio" mediático e ao insulto em hora nobre; não são da política ausente, por conveniência; não são de fanáticos tontos, ou de aprendizes de terroristas de terceira categoria, armados em heróis e punidores de peito descoberto, mas de cara tapada; não são de trafulhas e aldrabões, como se jogando à “bisca do nove” com cartas viciadas.
O futebol e os seus clubes são, sim, de que quem ama um jogo da bola com classe; de quem delira com um passo em profundidade e explode de alegria quando um golo; de quem quer séria uma coisa nobre e magnífica! O futebol e os seus clubes são, sim, de quem vai a um estádio, ou se prende a uma televisão ou rádio de cachecol ao pescoço, uma sanduiche na algibeira e uma sede grande de vitória do clube do seu coração, mas que recebe e aceita da mesma forma: com duas lágrimas, quando perde e uma quando ganha. Viva o meu Sporting, se for assim - e vi-o sempre assim. Vivam todos os outros clubes, se forem iguais…