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POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

POEMAS E RECADOS

poemas e textos editados e inéditos de JOÃO LUÍS DIAS

HORA DE TUDO

 

Aprendi a querer-te, a chamar-te...
quando ao despertar duma manhã de sol
o dia te reclamou, me acordando de vida;
quando ao final duma tarde pardacenta 
os meus olhos se abriram, com fé no por do sol.
Aprendi do amor, com o amor que trazes
nas palavras certas, nas horas incertas...
Dá-me um sinal do teu levantar, do teu jeito
do silêncio no teu peito, do grito do teu querer
dos teus olhos, do teu sorriso
dos teus lábios que me apetecem.
Dá-me de ti...


 

 

VALSA

 

Valsam tristes os meus olhos
se não valsarem nos teus.
Valsam tristes os meus olhos
se no ladrilho onde valsas
não há flores que te colhi.
Valsam tristes os meus olhos
se valsas e eu não estou.
Valsam tristes os meus olhos
se nas voltas da valsa que quero
elas se não voltam para mim...
Valsam tristes os meus olhos
se a valsa, sem ti nos braços
não chega ao fim.

 

 

valsa.jpg

 

 

 

 

 

OUTUBRO

 

Das tílias caem as folhas secas

deformadas e sem cheiro.

O sol, ao entardecer

já não sai aceso, como saía

por entre dos ramos dos plátanos.

É outubro, prenúncio do frio

do céu cinzento e tímida cor

na eminência das chuvas.

O inverno já se estende ao testemunho

para continuar a estafeta.

E outros pássaros virão

saudosos do aconchego

dos ninhos que resistiram...

 

 

OUTUBRO 2000.jpg

 

 

 

 

 

EXCESSIVO, POR TI

 

Serei excessivo
quando reclamo

por três segundos da tua ausência.
Serei excessivo
quando regateio

os teus beijos na hora em que não estás.
Serei excessivo
quando te sustenho

entre as flores suspensas da minha Babilónia.
Serei excessivo
quando pouso o sol nos teus olhos
e o vento para o sopro dos teus lábios.
Serei excessivo
quando te quero

nas horas desconcertadas da madrugada.
Serei excessivo
quando te chamo

pétala perfumada no meu peito.
Serei excessivo, ou não
se te disser do amor grande

enorme
que me dás a beber…

 

 

GUARDIÃ DO PARAÍSO

Quero o teu beijo 
doce, quente
molhado, demorado…
guloso na minha boca
sufocada na tua.
Quero os teus olhos fechados
meigos, (in)quietos
ao toque das mãos ágeis
irrequietas na descoberta…
Quero descer ao teu íntimo
ao enclave majestoso do teu corpo
e tocar e saborear 
e querer-me internado nele
como se nele
soubesse do melhor do paraíso!

 

 

SERENAMENTE

 

Olho-te, serenamente
ao esfregar dos olhos
e sei-te moderna e linda
como te quer a cidade;
despida, mulher e minha
como te quero eu.
E do licor/perfume
desse, de tão bom
bebe a cidade, um pouco
bebo eu, parte maior
e ainda sobra tanto
para embriagar o céu imenso
o sol e as flores.