A morte fugiu à escola
O menino corria, fugia da escola
desesperado, aos gritos
com medo de outros meninos
e sem que lhe perguntem nada…
e sem que lhe tranquem a última porta
e sem que o vento e a chuva fria o detenha
para se suicidar
aos olhos de outros meninos
ali perto, nas águas incrédulas do rio!
Enquanto o dossier da escola
redigido em mil páginas de pouco ou nada
embalado em tábuas de verniz e sedas
saía, àquela hora, daquela escola
- que não sabe dos seus meninos -
para ser entregue aos senhores, aos arautos…
para que constem resultados da “mudança”
e se aplauda o mérito e excelência dela
em conferências e focos de luz…
E o rio ficará para sempre turvo de tristeza
culpando-se, sem ter culpa!...
O corpo de Leandro Filipe, de 12 anos,
ainda é procurado nas águas do rio Tua (Portugal)
Nota:
para enquadramento da mensagem/notícia/poema,
ficcionou-se na segunda metade deste.
João Luís Dias